Piloto está nos Estados Unidos para temporada de treinos mas retorna ao Brasil para etapa do Mundial no Night of The Jumps 2021
Fotos: Arquivo Pessoal/ Reprodução
Quem acompanha as redes sociais da Confederação Brasileira de Motociclismo (CBM) sabe que quinta-feira não é apenas um dia comum por aqui. O famoso Throwback Thursday, difundido há anos e usado até hoje nas redes sociais traz para esta data um clima nostálgico e cheio de lembranças. Por isso, no #TBTCBM desta semana (24/06) resolvemos acessar as memórias do maior astro de Freestyle Motocross no Brasil, Fred Kyrillos. O piloto compartilhou conosco, de forma exclusiva, parte de sua carreira, que há muito tempo atravessou as fronteiras do país.
Natural de São Paulo, Fred sempre faz o eixo Brasil - EUA. Durante a pandemia ficou concentrado na capital paulista. “Continuei treinando a todo momento em uma pista que fica afastada da grande São Paulo. Por sorte, deu para manter o cronograma de preparação mesmo no momento que estamos passando”, fala. Neste ano, Fred ano já se consagrou campeão do Duelo de Motos, que aconteceu em Atibaia (SP) no mês de janeiro, após uma série impressionante de backflips (cambalhotas para trás).
Seus próximos passos agora serão fora do país. “Estou nos Estados Unidos para uma temporada de treinos e reuniões com patrocinadores. Temos pela frente o Arena Freestyle, mas volto para a etapa brasileira do Mundial, que vai acontecer em São Paulo. Além disso, vou continuar produzindo muito conteúdo digital. O freestyle é um esporte que quebra a barreira do esporte a motor e conversa com os esportes radicais, o que é um bom gancho para criar conteúdo para as redes sociais”, ressalta o piloto.
O piloto produz conteúdos para seu canal no YouTube e para seu perfil no Instagram.
O Circuito de Interlagos deve receber o Night of The Jumps em 2021. A disputa que acontece em diversas cidades do mundo contará pontos para o Campeonato Mundial da modalidade. Será a única etapa realizada na América do Sul.
Fred - Tenho 35 anos, comecei com seis, então são muitos anos sobre duas rodas. Comecei andando por hobby. Minha família sempre gostou de moto, mas nunca para praticar como esporte, sempre para passeio. Lembro de uma motinha que ganhei quando pequeno e, como obviamente não podia andar na rua, andava com minha cross nos terrenos, nas praças do bairro. À medida que fui crescendo a moto foi aumentando de cilindrada.
Fred - Comecei a praticar o motocross com uma 80tinha por volta de 1998 e me apaixonei, mas ainda era um hobbie. Corria uma vez por semana, às vezes a cada duas semanas. Até que conheci o freestyle através do Marcos "Dracena" [in memoriam], que já era consagrado, corria no Arena Cross. Daí comecei a andar com ele e o negócio ficou sério. Então escolhi o freestyle porque era mais acessível pra mim, em que eu nao ia precisar de uma moto zero e pneu novo toda prova, além da gasolina que cabia no meu orçamento. Mas além disso também me apaixonei pelo estilo, pela parte comportamental do esporte. A modalidade estava começando, era um lugar cheio de oportunidades. Tudo isso influenciou minha escolha.
Fred - A primeira vez que saltei em uma rampa de freestyle é um marco pra mim e pra minha história. Não tenho nenhum registro mas ainda tenho tudo na minha cabeça, foi em Dracena. Me lembro também do meu primeiro backflip nos Estados Unidos, que foi um divisor de águas pra mim. O primeiro X Games aqui no Brasil também foi uma baita experiência e uma oportunidade para ver como era o esporte de verdade. Nele pude medir meu nível em relação aos pilotos de ponta da época. A partir dali tive consciência de quanto eu precisava me empenhar e melhorar. Teve a primeira vitória na competição da Globo, em 2013, no Rio. Essa prova me colocou no radar no esporte, comercialmente me ajudou muito também.
Fred - Como qualquer esporte a motor nós temos as quedas, os acidentes, faz parte do aprendizado. Meu primeiro grande foi quando quebrei o fêmur, em Jacareí. Tive um início de embolia pulmonar na cirurgia, foi uma fratura bem complicada. Lá vi o quanto isso era sério. Nos Estados Unidos quebrei todas as costelas do lado direito, a clavícula e torci o joelho, rompi os ligamentos, além de uma perfuração séria no pulmão. Isso aconteceu em um backflip em um salto gigantesco que deu errado. Cheguei com a pulsação muito baixa no hospital, fiquei um mês em tratamento. No Duelo de Motos do ano passado caí fazendo um segundo front flip, quebrei o meu pescoço. É algo que nunca passou pela minha cabeça acontecer e que eu pudesse sobreviver. Mas graças a Deus tô aqui e pronto para competir.
Fred - Não sei se tiro de letra, mas eu treino bastante. O freestyle é um esporte muito técnico com uma margem de erro muito pequena e consequências grandes em um acidente. Um mix bem perigoso. Por isso treino muito, faço acompanhamento físico e psicológico. A melhor forma de se prevenir é não ficar tão à vontade, porque é aí que as coisas acontecem. Mas claro, hoje estou muito mais familiarizado que antes.
Fred - O backflip, por exemplo, foi a manobra que me deu mais trabalho. Sem dúvida é uma manobra que é necessária se o piloto quiser competir, principalmente Brasil afora. Na época que comecei a gente não tinha acesso ao conhecimento, às técnicas, então tive que desbravar as coisas pra aprender. E esse tipo de desafio faz dar mais gosto pra conquista. Hoje em dia o frontflip é uma manobra que me desafia. Fiz algumas vezes, já caí, me machuquei, voltei, é uma relação de amor e ódio (risos).
Fred - Andei com pilotos de várias gerações. Aqui no brasil disputei várias finais com o Joaninha e com o Marcelo Simões, pilotos muito técnicos e muito bons. Lá fora disputei com praticamente todos os grandes nomes. Isso é legal porque apesar de sermos adversários na pista todo mundo divide a mesma paixão, que é o freestyle motocross, todo mundo é amigo e curte a mesma vibe. Mesmo que dentro da pista seja sério e cada um por si, somos todos amigos.
Fred - Queria aproveitar para agradecer também à CBM pelo espaço, pelo carinho comigo e pela oportunidade. Logo estarei de volta ao Brasil para correr.
2013 - Campeão | Copa Brasil de FMX
2013 - Campeão | Duelo Internacional de FMX
2013 - 7º colocado | X Games (melhor posição de um brasileiro)
2014 - 3º colocado | Farm Jam (Nova zelândia)
2014 - 3º colocado | Xpilots (México)
2015 - 3º colocado | Xpilots (México)
2017 - 2º colocado | Nitro Circus World Game Qualify (EUA)
2018 - Campeão | Duelo de Motos
2019 - Campeão | Duelo de Motos
2019 - 2° colocado | Mundial de FMX - Categoria Duplas (Alemanha)
2021 - Campeão | Duelo de Motos
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