Piloto de motocross da categoria "Nacional" com uma CRF 230F/ Fotos 1 e 2: Tiago Lopes/ Foto 3: Gustavo Epifanio/ Foto 4: Divulgação Honda
No dia 1º deste mês a Honda Motores do Brasil anunciou oficialmente a saída da CRF 230F de seu line up. O modelo que se tornou onipresente nas competições off-road nacionais e até internacionais dará ainda mais espaço para sua "irmã de trilha", mais completa, segura e mais potente: a CRF 250F. Contudo, a moto em sua versão mais simples saiu da pista e deixou um rastro de dúvida entre os pilotos que a usavam para participar das provas oficiais do motociclismo. Afinal, o que muda para os competidores?
Pensando nisso, a CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo) resolveu conversar com os diretores responsáveis por algumas das modalidades que aceitam, atualmente, a CRF 230F em seus regulamentos. São elas: Motocross, Velocross, Cross Country, Enduro e Enduro de Regularidade. Cada uma possui especificações que as tornam únicas, mas todas têm categorias que fazem uso do modelo de produção nacional, agora extinto pela Honda.
No geral, são classes de entrada para novos pilotos, já que as motos nacionais possuem um preço mais acessível.
O Motocross é uma das modalidades mais apaixonantes do esporte a motor. Há anos a categoria "Nacional" recebe pilotos a partir dos 13 anos - ou 15 nos caso das meninas - que desejam ir para as pistas em cima de uma motocicleta fabricada no Brasil.
Desde que chegou de fato ao mercado, em 2019, a CRF 250F é aceita nas corridas da classe, por isso tais alterações foram permitidas no modelo de cilindrada mais baixa. "Não muda nada para nós, já que já tínhamos previsto essa mudança e liberado a cilindrada" diz Wesley "Pakito", diretor de motocross.
Os pilotos amadores interessados em participar da categoria devem se atentar às mudanças que podem fazer no veículo. Uma moto que, para correr precise de uma alteração não permitida, não será aceita. "Permitido alterar: acelerador, guidão, manetes, mesas, pedaleiras, cdi, relação e escape", especifica o tópico 3.1 do regulamento.
O BRVX 2021 possui cinco categorias que abrangem as motos de produção nacional com 230cc: Nacional 250cc Pró (14 a 55 anos), Nacional Força Livre (15 a 55 anos), VX 3 Nacional (35 a 55 anos para homens e 14 a 55 anos para mulheres), VX 4 Nacional (40 a 55 anos), VX 45 Nacional (45 a 55 anos) e VX 50 Nacional (50 a 65 anos). Para todas elas o limite de tolerancia é de 2%.
No Velocross, a CRF 230F já era uma das mais básicas utilizadas nas corridas, tanto na categoria que ela mesmo disputava quanto quando era usada como base para a troca do motor em outras classes. "Não resta duvida que é uma perda significante, mas não mudaremos nada no regulamento, pois ele permite que quem tenha ela a continue ultilizando. Aos poucos, com a evolucao do mercado, esse modelo seria naturalmente substituido pela CRF 250F, então nos adiantamos para receber tanto as 230cc quanto as 250cc", afirma Jair "Bigode", diretor de velocross.
As especificações técnicas de cada categoria podem ser encontradas nos tópicos 3 e 4 do regulamento.
No Cross Country, em que as provas são disputadas em um circuito curto na mata após a largada no gate, a CRF 230F também faz presença. O tópico 3 do regulamento de 2021 da modalidade mantém duas categorias que permitem apenas motos de fábricação brasileira: a XCN Nacional, criada para modelos até 230cc de 4 tempos, e a XCNF Nacional B, que não restringe a quantidade de cilindradas, mas exige que o veículo seja brasileiro - em ambas a idade para competir é aberta.
A modalidade alterou, há mais de um ano, as especificações da XCN Nacional. Os pilotos já puderam ir para pista com a nova CRF 250F ou até mesmo com a CRF 230F com alteração no motor, para que atingisse 250cc. "Trabalhamos nessa linha porque já era de se esperar que a CRF230F sairia do mercado. Isso é triste, nos apegamos a ela, mas bola que segue, né?", fala Amélio "Escadinha", diretor de Cross Country da CBM.
Saindo das pistas e indo para as trilhas, de fato, a situação não é muito diferente. Uma das competições de resistência em terrenos acidentados mais populares do mundo também utiliza a CRF 230F em sua provas. O Enduro possuí a categoria "Nacional Amadora", que aponta no tópico 6.2.1 de seu regulamento que "para a participação na categoria ENA os pilotos devem utilizar motocicletas que tenham até 250 cc (duzentos e cinquenta centímetros cúbicos) e sejam refrigeradas a ar".
A "princesinha das trilhas" foi a pioneira no seguimento, seguida da TT-R 230 da Yamaha, que chegou no mercado nacional para competir com o modelo Honda em 2007. "Essa moto [CRF 230F] foi uma revolução para o motociclismo, pois é versátil e acessível. A Honda equipou o brasil inteiro com essa moto. A chegada dela foi tão importante que muitos campeonatos estaduais fizeram a categoria monomarca mesmo sem o patrocínio", fala Assis.
"Ela teve uma contribuição muito grande para o esporte. Ela foi a porta de entrada para inumeros pilotos no Brasil", acrescenta Jacob.
Trata-se de uma moto que traz o benefício do garfo dianteiro de 41 mm contra os 37 mm da sua irmã "menos potente". O freio traseiro a disco ocupou o lugar do freio de tambor, além da alimentação por injeção eletrônica ao invés de carburador.
O motor refrigerado a ar tem 4 válvulas, com diâmetro e curso maiores, o que permite à potência passar de 19,3 cv para 22,2 cv e ao torque aumentar de 1,92 kgf.m para 2,28 kgf.m.
Em suma os pilotos podem ficar tranquilos, pois com a CRF 250F será possível correr em todas as categorias antes dominada pela moto 230cc. E o melhor: com mais potencia, conforto e segurança.